Diálogo final traz a prática pedagógica como aliada no desenvolvimento e na construção de memórias
Última palestra desta segunda (7) sobre 'Educação como prelúdio da alfabetização' trouxe ao público a afirmativa de que 'não há genética para ler e escrever'. De acordo com a pesquisadora em desenvolvimento humano, Elvira Souza Lima, a leitura e a escrita são aprendizagens culturais, com pontos comuns, porém com aquisições distintas. "Você pode ler e não desenvolver a escrita, ou escrever e não apresentar a leitura".
Traduzindo o contexto da neurociência, ela apresenta como o cérebro trata dessa questão, demonstrando que o desenvolvimento infantil cria nas crianças condições de alfabetização, que seria o exercício da própria infância, por meio da música, do desenho, da teatralidade, da dança e do brincar. Não como uma diversão de criança, mas como um dos processos formadores fundamentais do desenvolvimento. "A criança precisa da intervenção do adulto e das questões culturais, do ensino, da própria genética para criar memórias e criar possibilidades de se desenvolver".
Outro ponto defendido pela pesquisadora, foi que não se deve criar patologias numa criança antes dos 7 anos, pois ela ainda não está pronta para ser alfabetizada. "Ao invés de achar que a criança tem falta de habilidades, devemos ter foco em criar condições para que se desenvolvam a partir de memórias, que é o que chamamos de cérebro social", ressaltando que ele precisa de 17 áreas conectadas para a compreensão.
Participaram, ainda, do debate a gerente de Alfabetização no Instituto Natura, Marcia Ferri; a CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Mariana Luz; e a especialista em Educação Infantil do UNICEF Brasil, Carolina Velho. A mediação foi da Dirigente Municipal de Educação de Cascavel/PR, presidente da Undime Paraná e coordenadora do Grupo de Trabalho de Alfabetização da Undime, Marcia Baldini.
Ferri apresentou as metas 1 e 5 do Plano Nacional de Educação (PNE), que trata da universalização da Educação Infantil de 4 a 5 anos e da alfabetização de todas as crianças até o final do 3º ano do ensino fundamental, respectivamente, como forma de garantia da educação. "O acesso ao ensino está correlacionado com o processo de alfabetização", e frisa que o aprendizado precisa ser no tempo certo, caso contrário cria-se uma tendência a evasão escolar, repetência e o estudo acaba comprometido.
A especialista do UNICEF, trouxe questionamentos para reflexão dos educadores. Que experiências precisam ser vivenciadas em seu pleno desenvolvimento? O que precisa ser realizado para ampliar o repertório dos professores? Como ter práticas de qualidade que impacte as experiências e aprendizados? Colocações que, segundo ela, estão amparadas pelas legislações e orientações estabelecidas nas diretrizes curriculares, mas que devem ser estimuladas pela melhoria da educação.
Para finalizar, a representante da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, destacou o foco de atuação na primeira infância. "Está na política pública a força e a potência para mudar a educação”.
O 19º Fórum Nacional da Undime acontece no Centro de Eventos do Pantanal de 6 a 9 de agosto, com discussões pertinentes ao cenário atual e os desafios da educação para a próxima década. O evento reúne cerca de 2.000 educadores das 26 seccionais da Undime, em Cuiabá/MT.
Fonte/Fotos: Undime