“Para que uma criança possa sonhar com um futuro individual, mas também coletivo, é preciso articular estratégias que mobilizem esforços entre diferentes agentes, desde redes de saúde, entidades culturais, esportivas e a outras esferas de uma comunidade”. Este é o segredo adotado pela Província de Santa Fe (Argentina) para mudar a educação na região do centro-leste da Argentina, transformando-a em referência como cidades educadoras.
Convidada do 7º Fórum Nacional Extraordinário dos Dirigentes Municipais de Educação (7º FNEx), realizado em Recife (PE), entre os dias 14 e 17 de agosto, a Ministra da Educação da Província de Santa Fe (Argentina), Claudia Balagué, citou a adoção de distintos planos educativos como o primeiro passo para estruturar um novo modelo educacional.
Entre as ações adotadas pelo governo de Santa Fe para promover inovações estão a prática da interdisciplinaridade e interação entre professores, da Pedagogia Empreendedora para levar a metodologia de ensino a alunos da Educação Básica, e a estruturação da Alfabetização Audiovisual e Digital para familiarizar estudantes e professores às novas tecnologias. Claudia Balagué ainda citou a criação de Comunidades de Aprendizagem, de Tertúlias Literárias e Rodas de diálogo entre alunos e suas famílias e a fundamentação do esporte como instrumento de convivência como saídas essenciais para a restruturação do conceito do ensino.
“É preciso interação para que a escola não se torne uma caixinha isolada e tenha as portas e janelas abertas para que a criatividade chegue às escolas”, defendeu. “É preciso usar criatividade, analisar territórios e avaliar os resultados de programas para ir permanentemente corrigindo, melhorando e colocando foco naquelas ações que dão resultado”, afirmou.
Ao lado do antropólogo e educador Tião Rocha e do Dirigente Municipal de Educação de Alto Santo/ CE e presidente da Undime, Alessio Costa Lima, Claudia Balagué ainda apontou o uso de três premissas para a execução bem-sucedida do formato educacional adotado nas mais de 4 mil escolas da Província: inclusão, qualidade e justiça educativa.
“Uma escola não pode trabalhar sozinha. Como dizia Nelson Mandela, é preciso toda a comunidade para educar a uma criança. Cada empresa, cada instituição também pode participar para que não esteja distante dos alunos e seja algo à parte do desenvolvimento de sua própria cidade”, destacou.
Falando aos 1.500 gestores presentes no 7º FNEx sobre a importância das comunidades e de atores sociais no processo de ensino, Tião Rocha, lembrou que a educação é um processo de troca de aprendizado e que só pode existir sendo plural. “Nós, educadores, devemos ser convocadores de aldeias. A escola é um grande centro de convocação da comunidade e deve servir para que nenhuma criança se perca”, salientou.
Idealizador e Diretor-Presidente Banco de Êxitos – Solidariedade e Autonomia –, criado em 2003, em Belo Horizonte/ MG e do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), ele narrou experiências desenvolvidas no âmbito da educação ao longo de sua trajetória no Brasil, com passagens ainda por Angola e Guiné Bissau. “Precisamos quebrar paradigmas que nos fizeram acreditar como valor. Precisamos parar de olhar para o lado vazio do copo, em índices negativos e focar em conceitos como o IPDH – o índice Potencial de Desenvolvimento Humano. Cada comunidade tem potencial e é preciso convocar estes sujeitos”.
O Fórum
A sétima edição do evento debateu, entre os dias 14 e 17 de agosto, em Recife (PE), “O Direito à educação e a garantia ao acesso, à permanência e à aprendizagem”. Dividido entre mesas-redondas, conferências e oficinas, o Fórum ainda estimulou o debate em torno de assuntos como a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Financiamento da educação.
Ao final do 7º FNEx, a Undime aprovou uma Carta, elaborada em conjunto com os 1.500 participantes do 7º Fórum Nacional Extraordinário dos Dirigentes Municipais de Educação, representantes de quase mil municípios brasileiros.