Carregando

Equidade, gestão pública e aprendizagem

19/11/2019 | Conviva Educação

Dia 5 de novembro foi realizado em São Paulo o seminário “Gestão Escolar para a aprendizagem de todos e todas” (veja na íntegra). Jaana Nogueira (coordenadora do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas, DGPE/FGV), Mauricio Ernica (pesquisador e professor da Faculdade de Educação na Unicamp) e Tiana Tapety (Secretária Municipal de Educação de Oeiras/PI) falaram sobre desigualdades, desafios das escolas e experiências de secretarias em busca da equidade. “Esses três perfis de profissionais nos trazem diferentes perspectivas para o debate sobre o direito de todos à educação. A igualdade de condições para acesso e permanência na escola talvez seja o princípio mais importante registrado na constituição de 1988. Não basta ter escola, é preciso que a igualdade seja realidade”, disse Sofia Lerche (Líder de Projetos do DGPE-FGV), que fez a mediação do debate (foto abaixo). Veja a seguir as ideias principais apresentadas pelos participantes e vídeos feitos especialmente para o Conviva.

Propostas do município nordestino para melhorar os índices

O trabalho da equipe de Tiana Tapety, Secretária Municipal de Educação de Oeiras, no Piauí, teve como foco a alfabetização e a arte para os avanços educacionais. “Quando assumimos a gestão, em 2013, tínhamos projetos de leitura, mas não tínhamos leitores. Procurávamos por projetos de arte, mas não havia nada organizado nessa área na cidade”, conta. “Partindo da gestão da aprendizagem passamos a ver outros aspectos da gestão: percebemos que o lanche precisava mudar, que a infraestrutura devia ser ampliada. Hoje temos conseguido romper os desafios com alfabetização, cultura, leitura e arte; e as melhoras no IDEB são evidentes”, afirma a gestora. No vídeo abaixo, veja como a secretaria se organizou para oferecer o melhor para estudantes e profissionais:

 

 

Indicador mede a aprendizagem e a desigualdade

Mauricio Ernica (professor da Faculdade de Educação da Unicamp), faz parte de uma equipe de pesquisadores liderada pelo professor José Francisco Soares (UFMG) e integrada com Erica Rodrigues Castilho (UFOP). Eles foram responsáveis por lançar o Indicador de Desigualdades e Aprendizagens (IDEA), que foi construído com apoio da Fundação Tide Setubal e tem os dados apresentados no site www.portalidea.org.br

O indicador mede o nível de aprendizagem dos estudantes para cada município e, ao mesmo tempo, a desigualdade que existe entre grupos formados por níveis sócio-econômico, raça e gênero. Essa análise é verificada no desempenho de Língua Portuguesa e Matemática para os 5º e 9º anos entre 2007 a 2015 e apresentada para todos os municípios. “Esse é um indicador complementar ao IDEB. Como o IDEB é baseado em médias, ele não nos permite verificar as aprendizagens de grupos específicos, como é o objetivo do IDEA. Importante dizer que o direito à educação vai ser assegurado se o indivíduo tiver acesso à matrícula escolar, permanecer matriculado e tiver uma trajetória regular, e aprender o que é necessário para participar da vida social”, diz Mauricio. No vídeo abaixo, saiba mais sobre os pressupostos do indicador e os resultados encontrados, porque as desigualdades exigem novos instrumentos e como essa é um interessante instrumento para a busca da equidade:

 

 

Desafios da gestão escolar

Jaana Nogueira (DGPE/FGV) falou sobre a importância de a gestão escolar estar voltada para a aprendizagem. Leia trechos de sua palestra: “A gestão é uma atividade meio que tem como objetivo a busca de resultados. No caso da gestão escolar, esse resultado é a aprendizagem dos estudantes. O papel da escola contempla não só o ensino dos conteúdos, como de Língua Portuguesa ou Matemática, mas também o desenvolvimento integral da criança, a formação de valores e atitudes, a preparação para o trabalho, o pensamento crítico e muito mais. 

Então quando falamos sobre sucesso escolar, temos que levar em conta o acesso (que ainda é um desafio!), a permanência e essas diversas aprendizagens que permitam o pleno exercício da cidadania. Precisamos sempre retomar nosso Plano Nacional de Educação, construído a muitas mãos e com poucas das metas sendo atingidas. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é uma grande oportunidade de retomarmos os objetivos da educação tratados desde a constituição e nos demais documentos. Ela traz competências voltadas para o desenvolvimento cognitivo, habilidades socioemocionais e outras que fazem ligação entre elas. Mostra o que é necessário alcançar na educação”.

Para isso, disse, são essenciais condições adequadas de trabalho aos educadores e análise de indicadores educacionais. Ela também indica fatores associados ao sucesso escolar: foco na aprendizagem, altas expectativas de aprendizagem, qualificação e compromisso da equipe escolar, liderança da gestão, criação de clima escolar positivo, uso pedagógico das avaliações externas e participação da comunidade escolar. Veja mais no vídeo abaixo:

 

 

Parcerias pela educação

Angela Dannemann (Superintendente do Itaú Social) (foto abaixo), José Henrique Paim (Diretor da Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas (DGPE/FGV) (foto abaixo) e Sofia Lerche (Líder de Projetos do DGPE-FGV) iniciaram o evento falando sobre suas instituições, que promoveram o encontro. O Itaú Social – uma das 13 instituições parceiras do Conviva – tem como eixo a formação dos profissionais da educação e fortalecimento de sociedade civil. A FGV procura apoiar o desenvolvimento socioeconômico e a formação de pessoas para trabalhar no setor púbico. “Quando falamos de equidade, estamos olhando para todas as crianças e pactuamos que não é aceitável deixarmos alguma para traz. De nada adianta resultados de proficiência positivos que não envolvam todas as crianças e jovens do país. Ainda temos índices de reprovação e evasão, além de baixos índices de aprendizagem, e precisamos enfrentar essas questões”, diz Paim.

    

 

Crédito das fotos: Piti Reali