A TV Brasil exibe, neste domingo (18), às 20 horas, o programa Caminhos da Reportagem que aproveita o Dia do Professor para refletir sobre a mudança da rotina dos educadores com a pandemia.
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“Eu sinto falta do contato, do cheiro, do abraço”. Essa afirmação é da professora Jackelyne Morais e abre o episódio do Caminhos da Reportagem desta semana em que comemoramos o Dia do Professor. A pandemia do novo coronavírus modificou a rotina de vários profissionais e com os educadores não foi diferente. Quase que de um dia para o outro a sala de aula foi substituída pelas telas do computador e professores se viram diante de um desafio inédito: o fechamento das escolas públicas e particulares, que afetou, só no Brasil, 44 milhões de crianças e adolescentes.
Esse fechamento, no entanto, não representou o fim das atividades escolares. Pelo contrário. Levantamento feito pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime, mostrou que 96% das redes municipais ofereceram atividades não presenciais, online e offline. “O primeiro ponto que a gente tem que falar é sobre a força e a coragem dos docentes que assumiram, com muita coragem, num momento histórico, o seu papel de continuar vinculados aos estudantes, ainda que à distância” afirma a educadora Gina Vieira, que tem quase 30 anos de sala de aula.
O início não foi fácil. Valéria Barbosa, que dá aulas para o quinto ano em uma escola do Distrito Federal, conta que começar a dar aulas virtuais “gerou muita angústia, muita aflição”. Com o passar dos meses e o aumento da intimidade com a tecnologia, ela conseguiu se adaptar bem e comemora o envolvimento e a evolução de alguns alunos. “Tem uma aluna que foi assim como uma flor, ela desabrochou. É a primeira a responder, quer ler. É uma gracinha”, relata a professora.
Mesmo com exemplos positivos, a pandemia revelou uma faceta da desigualdade social: nem todos os estudantes têm acesso à internet para a realização das atividades. A professora Valéria mesmo envia, semanalmente, tarefas impressas para que ninguém fique sem estudar. Ainda assim, segundo o Unicef, em todo o Brasil, 9% dos estudantes estão sem nenhum tipo de atividade escolar durante esse período. “O nosso objetivo é não perder esse aluno, que ele não saia da escola, porque está longe”, torce o professor de biologia do Rio de Janeiro, Félix Hermínio. Conhecido por ser um inovador, ele implementou um grupo de robótica e diversos outros projetos na escola onde leciona, em Duque de Caxias (RJ), após participar do programa de capacitação STEM Brasil, da ONG Educando.
Impacto emocional
O cenário de pandemia, somado à preocupação com os alunos e à adaptação aos formatos digitais, mexeu com as emoções dos docentes. Pesquisas apontam que os principais sentimentos dos educadores durante a pandemia foram a ansiedade, cansaço, sobrecarga e estresse. 65% dos professores entrevistados pela Fundação Carlos Chagas sentiram a carga de trabalho aumentar durante esses meses. “Acho que é muito importante ter a consciência que o professor, assim como cada um de nós, está imerso nessa pandemia com os mesmos dramas, as mesmas dificuldades. Ali não é uma máquina, não é um software, não é um aplicativo, o professor é gente”, pondera o presidente da Undime, Luiz Miguel Garcia.
No programa desta semana vamos mostrar como os professores conseguiram se reinventar em tão pouco tempo e se empenharam para que os alunos não perdessem o ano letivo. “A gente não pode desistir”, afirma Jackelyne. “Porque o tempo da criança é aquele, ela só vai ter oito anos uma vez, ela só vai passar por aquela etapa uma vez”, complementa. Também vamos mostrar como foi a volta às aulas em Manaus e discutir quais lições e legados podem ficar dessa pandemia.