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Experiências das secretarias em Rondônia e Paraíba

27/07/2020 | Conviva Educação

Dia 27 de julho, o Conviva realizou o terceiro episódio da Websérie Boas Práticas da Gestão. Com vídeos ao vivo e registros dos relatos em texto, a intenção é mostrar experiências de secretarias municipais de educação de diversos estados do país que têm feito um trabalho de qualidade. Os convidados foram os municípios de Espigão do Oeste, em Rondônia, e São José de Princesa, na Paraíba. Para acompanhar a transmissão na íntegra, acesse este link ou assista abaixo:

As representantes de Espigão do Oeste são: Analice Justi França (Diretora da EMEF Teobaldo Ferreira) e Vilson Macedo (Dirigente Municipal de Educação). De São José de Princesa, participam Angélica Ferreira de Andrade Lopes (Dirigente Municipal de Educação) e Eurides Paula Santos (Diretora da EM Joaquim Jovino).

O primeiro episódio da Websérie, disponibilizado aqui, contou com a presença de Crateús, no Ceará, e Vacaria, no Rio Grande do Sul. No segundo vídeo, quem contou sua experiência foi São José da Laje, em Alagoas, e Apucarana, no Paraná.

Abaixo, leia um resumo dos relatos realizados pelas equipes:

Espigão do Oeste (RO): experiências das aulas não-presenciais

"Com a pandemia do novo coronavírus, as escolas de Espigão do Oeste, em Rondônia, receberam como orientação da secretaria de educação manter o vínculo com as famílias dos estudantes e procurar acompanhar a aprendizagem. Para isso, as escolas deveriam disponibilizar atividades impressas para um período de 15 dias e as famílias buscariam as propostas em cada unidade, seguindo os protocolos sanitários necessários. Além disso, combinamos que o professor de cada turma tenha um grupo de Whatsapp com as famílias para dar explicações e tirar dúvidas das crianças.

Esse período de, até agora, quatro meses, tem sido muito desafiador. Mudou a forma de nos relacionarmos, com muitas reuniões realizadas por videoconferência, e percebemos a importância da conectividade com a internet para termos acesso à informação e ao contato com outras pessoas.

Uma das experiências da rede é a da EMEF Teobaldo Ferreira. No dia 3 de abril de 2020, a escola deu início às aulas remotas para os 338 alunos. Para que os profissionais pudessem trabalhar dentro da escola, criamos um protocolo de segurança com escalas de horários e dias alternados, evitando o contato de funcionários. 

Os professores iam até a escola planejar as atividades escolares, elaborando apostilas semanais e quinzenais para os alunos. Com o passar do tempo, os professores passaram a trabalhar de suas casas e enviar para a equipe gestora dos materiais em PDF para serem impressos.

Os educadores criaram grupos de Whatsapp com cada turma, e após a elaboração e impressão das apostilas informam pelas mensagens o dia e horário estabelecido para a retirada das atividades pelos pais ou responsáveis. Importante ressaltar que o dia de cada turma é diferente, buscando evitar aglomerações, e que organizamos um autoatendimento: no pátio da escola ficam as mesas com etiquetas com o nome da professora, série/ano, lista com o nome dos alunos do qual os pais assinam, a caixa com as apostilas para retirar, caixa de devolução de apostila e fica o kit  de higienização (tanto das mãos quanto dos pés).

A equipe gestora é responsável pela entrega dos materiais. Há famílias que não conseguem retirar as apostilas na escola, então são contatadas por telefone. Caso não possam comparecer em uma segunda data, a escola realiza a entrega, ou ainda pede apoio da Semed para o transporte.

Buscamos sempre seguir as recomendações de segurança, como manter dois metros de distância entre as pessoas, usar máscara, fazer a higienização das mãos. Nas aulas remotas, os professores diariamente enviam explicações e quais atividades os alunos devem realizar com o auxílio dos familiares. Também mandamos via Whatsapp vídeos referentes ao conteúdo e materiais de leitura, como livros, gibis e audiobooks. Os pais respondem com fotos e vídeos da execução das atividades. Nos grupos dos 3º, 4º e 5º anos, as professoras postam ainda vídeos de correção das apostilas para que os alunos consigam perceber onde erraram.

Para apoiar os professores que não tinham notebook e celular para realizar o trabalho a distância, a escola emprestou equipamentos que já estavam disponíveis na escola, mas sem uso no momento devido à suspensão das aulas.

Com os alunos de inclusão, aqueles com necessidades educacionais específicas, a professora do AEE e da sala regular realizam atividades diferenciadas, buscando respeitar suas especialidades. A professora também realiza chamadas em vídeo ou grava vídeos para os alunos com dificuldades de acompanhar as atividades, tirando as dúvidas e encaminhando pelo seu contato particular.

Para as aulas de educação física, foram criados grupos por faixa etária dos 1º e 2º anos e 3º, 4º e 5º anos, e os professores enviam vídeos de atividade para os alunos realizarem junto com a família.

Estamos experimentando uma nova forma de trabalhar, e todo dia há alguma novidade e muitas providências para tomar!"

Leia o texto na íntegra neste link.

 

São José de Princesa (PB): entrega das atividades impressas em uma rede 100% rural

“Somos uma rede 100% rural, temos apenas cinco escolas e menos de 300 alunos. Desde a suspensão das aulas, tudo parou! Nós nos vimos de mãos atadas. Esta pandemia está sendo histórica para nosso município, assim como para todos os outros.

Mas mesmo neste contexto desafiador, a Escola Municipal Joaquim Jovino, localizada justamente na parte mais inacessível da cidade, no Quilombo do Livramento, fez a diferença! Nesse assentamento, temos uma população carente que sobrevive da agricultura, mas que carrega no coração a resistência.

A equipe da direção escolar e os professores iniciaram, assim que a escola foi fechada, a entrega de apostilas de atividades para todos os alunos. Seguindo o plano de curso, Currículo e Proposta Político Pedagógica, não tiveram receio de fazer valer a profissão e os direitos dos alunos. Os profissionais da educação, com ajuda das famílias, iniciaram a entrega e a devolutiva das atividades para todas as turmas, da educação infantil ao 5º ano.

Logo que a Secretaria de Educação ouviu essa iniciativa pela gestora escolar, suas palavras soram como um tambor dentro do coração, foi um chamado à luta, à guerra. Não poderíamos mais esperar, não tínhamos tempo!

A Secretaria então mobilizou todas as outras escolas: consultou gestores e depois os professores, e todos toparam enfrentar o desafio de prosseguir o trabalho, agora de forma remota. Desde 20 de abril, todo o esforço está sendo direcionado a manter laços, desenvolver a aprendizagem e dar a maior dosagem de amor necessária em tudo o que fazemos. Sabemos da importância de fortalecer os vínculos com os estudantes, e temos a consciência que isso será essencial esse movimento para evitar o abandono da escola. Não podemos perder os alunos!

Passamos a nos comunicar com as famílias por Whatsapp e mostrar que seus filhos não estavam esquecidos pelos educadores. Perguntamos se eles concordavam em enviarmos atividades às crianças, e eles toparam! Fizemos um levantamento sobre a disponibilidade de acesso a computador ou notebooks, e vimos que apenas 5% deles teriam esses equipamentos. Resolvemos realizar a entrega de atividades impressas de todas as disciplinas, semanalmente, o mais próximo possível das casas, sempre tomando todos os cuidados sanitários.

A secretaria montou um plano de ação para apoiar os educadores durante a pandemia, aceitando a solicitação do governo do estado e do Conselho Municipal de Educação. O plano foi orientado pela secretária, mas contou com o envolvimento dos demais profissionais da educação e do Conselho Municipal de Educação. Conhecendo a realidade do município, sabendo das queixas e propostas de professores, a equipe elencou a metodologia a ser trabalhada, também considerou uma possível validação de dias letivos no futuro, desenhou como seriam os horários das aulas, os objetivos das propostas, de que forma as atividades iriam chegar aos estudantes, quem eram os responsáveis em cada etapa do processo, quais os critérios deveriam ser levados em conta, quais conteúdos e habilidades devem ser abordados de acordo com a BNCC e a cada mês.

Sabemos que esse é um entre os caminhos possíveis, e que muitas vezes precisamos mudar alguma decisão anterior conforme novas orientações oficiais são lançadas ou percebemos que são necessárias melhorias.

Na Escola Municipal Joaquim Jovino, por exemplo, em quase todas as semanas a equipe realiza ajustes, seja para alterações em propostas que parecem muito complexas, seja para adequar o local de entrega das atividades próximo da casa dos estudantes. Como 100% das famílias estão conectadas via Whatsapp ou SMS, muitas vezes essa funcionalidade é usada para tirar dúvidas de alunos ou promover o diálogo.

Temos dedicado atenção sobre a realidade das famílias: como há pais analfabetos ou com pouco estudo, muitas vezes não conseguem apoiar as crianças na resolução das propostas, e os estudantes não avançam por não ter uma assistência adequada. Também não podemos fazer propostas que exijam uso de materiais que eles não tenham em casa, já que não é viável indicar que comprem.

Neste momento da pandemia do novo coronavírus, tivemos uma vitória: apesar de tantos riscos de evasão da escola, o número de matrículas cresceu! Identificamos estudantes, principalmente para compor as turmas da EJA e de educação infantil, e hoje estamos com aproximadamente 473 alunos – e não mais trezentos, como no início do ano. Estamos confiantes e lutando! Seguimos experimentando e fazendo o nosso melhor, com muito respeito e cuidado com os estudantes.”

Leia o texto na íntegra neste link.